quarta-feira, 11 de julho de 2012

Detectados Filamentos de Matéria Escura



Cientistas detectaram parte do esqueleto invisível de matéria escura do universo, onde reside, acreditam, mais de metade da matéria. A investigação, liderada por um físico da Universidade do Michigan, confirma uma previsão chave da teoria predominante de como evoluiu a actual estrutura em rede do universo.
O mapa do universo conhecido mostra que a maior parte das galáxias estão organizadas em aglomerados, mas algumas situam-se ao longo de filamentos que ligam esses aglomerados.
Os cientistas têm defendido que a matéria escura alicerça esses filamentos, que servem como auto-estradas, guiando as galáxias na direcção da força gravitacional dos aglomerados.
A contribuição da matéria escura foi prevista através de simulações por computador e a sua forma foi esboçada com base na distribuição das galáxias. Mas ninguém a tinha detectado directamente. Isto porque não emite nem absorve luz, não sendo assim visível através de telescópios.
Os cientistas deduzem que esta existe a partir da observação dos efeitos gravitacionais que exerce sobre a matéria visível. Pensa-se que esta matéria será 80 por cento da composição do universo.
Para conseguir ver a componente de matéria escura do filamento que liga os aglomerados Abell 222 e 223, a equipa aproveitou um fenómeno chamado lente gravitacional. A gravidade de objectos massivos, como aglomerados de galáxias, actua como uma lente que distorce os raios luminosos de outros objectos ainda mais distantes, na sua trajectória até nós.
A equipa observou, assim, dezenas de milhares de galáxias situadas além dos aglomerados. Conseguiram determinar a magnitude da distorção provocada pelos dois aglomerados e, com essa informação, determinar o campo gravitacional e a massa de Abell 222 e 223. Parecia que existia uma ponte que mostrava uma massa adicional além da que os aglomerados continham. Os aglomerados não podiam explicar por si mesmos esse excesso de massa.
Antes deste trabalho, os cientistas pensavam que o efeito de lente gravitacional não era suficientemente forte para revelar uma configuração de matéria escura. De facto, geralmente não é. Mas Dietrich escolheu bem o cenário para o seu estudo, seleccionando dois aglomerados cujo eixo está orientado directamente para a Terra, o que amplia o efeito de lente gravitacional.
O resultado é uma verificação que durante muitos anos se acreditava que era impossível. Os investigadores também encontraram picos de emissões de raios-x ao longo do filamento que une os dois aglomerados. Picos esses que se devem a um excesso de calor da matéria comum que é puxada para o filamento pela gravidade da matéria escura que o forma. Os investigadores estimam que 90 por cento ou mais da massa do filamento seja matéria escura.

  - in Nature.com -